Talk at the Cybercolombia 5th HPC Summer School

I’m happy to share the recording of the invited talk, “On the need for Open, Reproducible and Explainable experiments at the interface of Machine Learning and Remote Sensing”, which I gave at Cybercolombia 5th HPC Summer School about a month ago. I want to thank Dr. Koschinsky and Prof. Anselin from UChicago Center for Spatial Data Science for the invitation to give the talk on their behalf.

If you want to have a copy of the slides, they are available here. If you have any comments, please write me: barroslr [at] McMaster [dot] ca.

Aos meus sobrinhos – Carta 001

Nesses dias, ao assistir uma sequência de capítulos da re-encenação de Pantanal, me peguei vendo uma discussão muito importante sobre alienação parental e em outro ponto sobre abandono. Na saga da novela, por diversas circunstâncias, há o afastamento, antes de tudo geográfico do pai, José Leôncio, de seu filho, Joventino, durante toda a sua infância e adolescência. Isso seta a trama para a segunda fase da novela, em que Joventino ao descobrir que o pai, sim, é vivo, vai em busca dele, e com isso uma série de conflitos emergem.

No audiovisual, quando da escrita de roteiro é sempre necessário focar na descoberta de conflitos, e por isso as duas fases de Pantanal se complementam na medida da geração de um conflito geracional e pautado nas relações de pai e filho que não se conhecem.

“A arte imita a vida” e não posso deixar de pensar o quanto posso ver essas coisas na minha própria. Não tenho filhos, mas tenho dois sobrinhos, João e Lucas, que são o brilho da nossa família. Eu e a Larissa, por questões profissionais, acabamos não vivendo na mesma cidade que eles, e por conta disso, não conseguimos acompanhar o crescimento deles como queríamos. Ambos nasceram enquanto morávamos em Chicago, e ao retornarmos ao Brasil, não ficamos em São Paulo, mas sim em Brasília, onde era empregado público.

Essa questão de ausência do pai retratada na novela, me deixou pensativo. Eu pessoalmente tive a sorte de poder ter tios e tias muito presentes na minha vida, e que sem dúvidas enriqueceram minha visão de mundo. Enquanto crescia em Jundiaí, todas as irmãs do mau pai moravam na mesma cidade, e era muito comum nos encontrarmos quase todas as semanas. Na família da minha mãe, a coisa era um pouco diferente, pois a família é do Rio Grande do Sul, e os nossos encontros se davam em férias ou feriados. Mesmo assim, tenho lembranças memoráveis desses encontros.

Nessa primeira carta, eu quero falar sobre obediência e responsabilidade.

Nesses últimos dias, meus sobrinhos, o Brasil assistiu nos jornais o desaparecimento, e depois a confirmação de morte de um Indigenista, e um Jornalista estrangeiro. Um Indigenista (também chamado de sertanista) é uma pessoa que atua nas relações dos povos indígenas com a sociedade civil ampliada. No Brasil, um importante agente nesse processo é a FUNAI, que é um órgão do governo que foi criado para atuar nessas relações. Eu não sou indigenista, antropólogo, e minha formação é circunscrita ao audiovisual e à algumas leituras em Geografia, mas tenho certeza que somente a existência da FUNAI não seria suficiente para dar conta dos 500 e tantos anos de relações, com frequência, conflituosas entre as nações indígenas, e a sociedade civil brasileira.

Meus caros, Bruno Pereira era um servidor público federal, além de ser indigenista. Nos últimos anos, porém, ele estava licenciado da FUNAI, por conta de mudanças na maneira que aquele órgão era gerenciado, e no que eram suas prioridades. O noticiário na Amazônia é amplo e farto, mas podemos colocar questões relativas à pesca ilegal, desmatamento, narcotráfico, e por aí vai. A FUNAI lida com as questões indígenas, e por isso não teria que lidar com isso diretamente.

Quando falo em obediência, Bruno Pereira, quanto outros servidores, seguem ordens do governo. Não obedecer às ordens do governo implica desde processos administrativos à tipificação criminal. Quando o governo está desgovernado (um dia conto mais sobre esse tema), as ordens do governo deixam de fazer sentido, deixam de ter respaldo no correto uso da máquina pública. Nesse sentido, é completamente compreensível que Bruno Pereira se licenciasse do seu cargo, por discordar da gestão. Ele não poderia desobedecer ao governo, mas poderia não mais fazer parte dele naquele momento. Se tivéssemos uma lupa mágica, poderíamos ver com clareza quantas pessoas se desligam de governos, pela simples discordância com a gestão desgovernada (e os riscos que isso implica à sociedade, e, principalmente, aos servidores envolvidos). Ao se desligar, ele não precisa mais obedecer ao governo. Somente às leis.

Nesse sentido falo também de responsabilidade. Bruno sabia que era uma pessoa que tinha uma capacidade rara de articulação com as entidades (e os) indígenas, o que lhe colocava em uma posição muito privilegiada, pois poderia ajudar as pessoas dessas comunidades, a buscar soluções para elas. Como servidor federal, provavelmente tinha um bom salário, e poderia ter ido trabalhar em outro segmento, em outra cidade, ou mesmo outro país. Um indigenista com a sua bagagem poderia ser um professor visitante nas melhores universidades mundo afora. Mas ele sabia que essa mesma bagagem fora adquirida com os saberes daqueles que mais precisavam de sua ajuda. 

Não vou entrar na discussão do crime em si, uma vez que o noticiário é rico, e o assunto ainda se desenvolve nessa data. Mas o que queria falar para vocês, meus queridos, é que Bruno Pereira sabia de suas responsabilidades, morais inclusive, e que apesar de um conflito relativo à obediência, ele conseguiu não desobedecer ao governo, mas também contribuir com àqueles que mais o precisavam. Mesmo com a sua morte, ele conseguiu trazer luz para uma série de questões caras aos povos que vivem na Amazônia.

Nessa carta não falei do jornalista, Dom Phillips, que foi essencial para que o caso não passasse despercebido. Isso fica para a minha próxima carta, em que quero falar sobre como é importante conhecer pessoas, em especial estrangeiros.

Tenham um ótimo final de semana. Um beijo e um abraço do tio.

Sobre o falecimento do Prof. Artur Ziviani

(An English version is available here)

Com muita tristeza, venho escrever minha primeira postagem em português nesta página, um gesto muito caro a mim.

Conheci o Artur Ziviani em fevereiro de 2020, quando participei do Programa de Verão do LNCC, na Jornada em Ciência de Dados, organizada pelo Artur, e os Professores Fábio Porto (LNCC), e Eduardo Ogasawara (CEFET-RJ). Fui atraído ao evento pela fama da qualidade do conteúdo, mas não imaginava que ganharia ali um amigo e um grande aliado na estruturação de um grande projeto de pesquisa.

Nos reuníamos nos últimos nove meses duas vezes por semana como parte da estruturação deste projeto, envolvendo vários pesquisadores do LNCC e de diversas universidades brasileiras, na estruturação de uma iniciativa para a mitigação de incertezas de cadeias produtivas do agronegócio brasileiro. Infelizmente a mesma pandemia, que na data de hoje chega à absurda marca de 300 mil falecimentos, gera uma conjuntura de difícil avanço, e hoje, levou embora este brilhante pesquisador, e querido amigo.

Deixo os meus mais profundos sentimentos de pesar e condolências à família, e aos seus amigos e colegas de pesquisa. Como é possível ver na sua biografia, o brilhantismo e arrojo do Artur vão fazer falta:

“Artur Ziviani é Tecnologista Sênior do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) do MCTI. É membro do grupo de pesquisa DEXL (Data Extreme Lab) e atual Coordenador da Pós-Graduação Multidisciplinar em Modelagem Computacional do LNCC. É Engenheiro Eletrônico pela Escola Politécnica da UFRJ, Mestre em Engenharia Elétrica (com ênfase em Teleinformática) pela COPPE/UFRJ e Doutor em Ciência da Computação pela Université Paris VI, Sorbonne Universités, França. Foi pesquisador visitante do INRIA, França, por 5 meses entre 2008 e 2009. É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq (nível PQ-1D), Cientista do Nosso Estado da FAPERJ e atua como membro do Corpo Editorial dos periódicos internacionais IEEE Communications Surveys & Tutorials e Computer Networks (Elsevier). Atualmente é também membro do Steering Committee da iniciativa IEEE Smart Cities. Seus interesses atuais de pesquisa incluem caracterização, modelagem e análise de redes computacionais, bem como ciência de redes, ciência de dados, aprendizado de máquina, e suas aplicações em contextos interdisciplinares. É sócio da SBC, membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) (2013-2017) e membro Sênior da ACM e IEEE.”

On the passing of Prof. Artur Ziviani

(Uma versão em Português está disponível aqui)

With deep sadness, I come to write my first post in Portuguese, an expensive gesture to me.

I have met Artur Ziviani in February/2020 while participating in LNCC Summer Program at their Data Science workshop, organized by him and Professors Fábio Porto (LNCC) and Eduardo Ogasawara (CEFET-RJ). I was attracted by the event’s fame on the quality of presentations, but I wasn’t envisioning that I would earn a friend and an ally on the structuring of a large research project.

We have met twice a week during the last nine months as part of the effort to structure this project, involving several researchers of LNCC and several Brazilian universities on the design of an initiative for uncertainty mitigation of the Brazilian agribusiness supply chains. Unfortunately, the same pandemic which today reaches 300k casualties created a conjuncture that limits project progress, and also today, has taken away this brilliant researcher and dear friend.

I extend my deepest condolences to his family, as well as to friends and fellow researchers. As noted on his bio, Artur’s brilliance and boldness will be missed:

“Artur Ziviani is a Senior Researcher at the Data Extreme Lab (DEXL) of the National Laboratory for Scientific Computing (LNCC), a research unit of the Brazilian Ministry of Science, Technology, and Innovation (MCTI) located in Petrópolis, Brazil. Since 2019, he is the Coordinator of the Multidisciplinary Graduate Program on Computational Modeling at LNCC (M.Sc. and Ph.D.). In 2003, he received a Ph.D. in Computer Science at the LIP6 laboratory of the Université Pierre et Marie Curie (Paris 6) – Sorbonne Universités, Paris, France, where he has also been a lecturer during the 2003-2004 academic year. He received a B.Sc. degree in Electronics Engineering in 1998 and an M.Sc. degree in Electrical Engineering (emphasis in Computer Networking) in 1999, both from the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil. From September 2008 to January 2009, he was a visiting researcher at INRIA in France. He is on the Editorial Board of Computer Networks (Elsevier) and IEEE Communications Surveys and Tutorials. His current research interests include network characterization, modeling, and analysis, data science, network science, and interdisciplinary data science research with a networking approach. He is a Member of SBC (the Brazilian Computer Society), an Affiliated Member of the Brazilian Academy of Sciences (2013-2017), and a Senior Member of both IEEE and ACM.”

A happy birthday!

After much careful consideration, I gave myself a happy birthday.

After returning to Brazil, I have not thought that I would be involved in academic affairs so early again. But life has its own time and ways, and at this recent year and a half, I have been involved in the ideation and structuring of a private-public partnership in AI in Brazil, and I am really happy about it.

Out of that, I have been selected to attend CIFAR/MILA Deep Learning and Reinforcement Learning Summer School, which turned out to be a great experience. It was the first time I have been exposed to Reinforcement Learning in a more structured format, and it seems quite useful to my work in Ag modeling.

This week, as a consequence of being at DLRLSS, I was invited to mentor a group of students, in a DL hackathon. The UofT AI is a research group led by quite motivated students at the University of Toronto, who foster their community to learn and get involved in the R&D of artificial intelligence. They have been organizing events for some years, and at this one, even with the challenges that COVID19 has posed, they launched their hackathon.

ProjectX is a three-month research competition, that will be awarding CAD 70,000 to some of the best universities in the world to develop solutions using AI to Climate Change. That sounded great for me, with my background in researching the area, with a foot set in CS, and the other in Geosci.

Personally, I was cautious about joining this effort because it is quite challenging to bring measurable results in such a short timeframe. But it is great to be working with very intelligent people, for a relevant cause (again).

I intend to bring some thoughts and “reports from the field” while mentoring the group, and interacting with other people. There will be some good fun reading papers, and analyzing results, so it may be useful to share it here too. If any reader wants to discuss in further detail, ping me on twitter as this may interest a broader audience.

As the title mentions, I gave myself a nice birthday present, by being back to research, and useful to a nice cause 🙂