Na minha pesquisa sobre arte das pessoas trans no Brasil, eu aprendi sobre o tanto que a arte é importante no Brasil para combater a opressão das pessoas trans. Eu não tinha percebido quantas figuras importantes trans existem no Brasil e a influencia tão grande que elas possuem. A arte não é usada só pela comunidade trans no Brasil para protestar e diminuir a violência contra elas, mas também é usada pela comunidade LGBTQ inteira como um modo importante de expressão para uma comunidade que é silenciada e discriminada constantemente no Brasil. Me interessei bastante pelas diferentes formas de artes usadas para conquistar essa missão. No começo eu pensei que a arte seria só pinturas ou desenhos. Mas a minha investigação sobre cantoras trans me mostrou que através da música é possível alcançar uma plataforma enorme.
Na pesquisa de uma das cantoras que eu gosto muito, a Gloria Groove, eu aprendi sobre o termo travesti, que é usado na América Latina para descrever alguém que nasceu homem e depois adotou uma identidade feminina. Claro que eu sabia que esse tipo de pessoa existia, mas eu nunca tinha ouvido este termo travesti. Essas cantoras trans e travestis, incluindo também a Liniker Barros, Linn da Quebrada, e Jup de Bairro, são figuras fortalecedoras para todas as mulheres queer no Brasil e a presença delas normaliza a identidade trans na sociedade. Suas canções resistem opressões. Só a existência de figuras publicas famosas trans como a Liniker é uma forma de resistência. Em outras palavras, essas cantoras famosas estão sendo pioneiras na conquista de um nível maior de aceitação pela sociedade. Para mim, foi especialmente interessante aprender sobre Linn da Quebrada e a nova construção de Deus que ela está liderando. A mudança de Cristão ao que ela chama de “Cris-trans” é um movimento muito importante para que muitas brasileiras se sintam mais incluídas. Também acredito que pelo fato de ser atriz na telenovela globo Segunda Chamada e apresentadora no talkshow Transmissão, a Linn da Quebrada da uma forte voz para as pessoas transexuais na televisão e mídia convencional.
Gostei também de explorar um pouco as pinturas das pessoas trans. Na minha opinião, em geral, é mais difícil ficar famosa com esse tipo de arte, mas eu achei interessante de ver como as artistas incorporaram a interseccionalidade das suas identidades na arte. Por exemplo, a Auá Mendes focaliza a sua arte não só nos corpos trans mas também nos corpos indígenas e como eles são violentados. E quando alguém tem essas duas identidades, como a Auá, a opressão contra elas só piora. Por fim eu pesquisei um pouco sobre a cartunista trans Laerte. A Laerte começou a se identificar como uma mulher aos 58 anos. Ela mudou a minha percepção em relação a liderança de apenas figuras jovens nesse movimento social no Brasil. Eu acho que uma personalidade importante no país saindo como trans depois de já ser famosa faz um impacto bem grande na cultura do país. Aqui nos Estados Unidos temos o caso da Caitlyn Jenner, pai das Kardashians, que se identificou como uma mulher mais tarde na vida e foi uma noticia bem grande aqui.
Também achei a discussão que tivemos na aula depois da minha apresentação muito interessante. Eu percebi que a maioria das artistas que eu encontrei na minha pesquisa são mulheres trans, em vez de homens trans. Eu acredito que isso reflete bastante a cultura brasileira. Não é que tem mais mulheres trans do que homens, mas acredito que com o termo travesti e a popularidade do drag no Brasil é mais aceitável ser uma mulher trans do que um homem trans. Devido a isso também é mais fácil ficar famosa como uma mulher tans do que um homem trans. A cultura Latino Americana é muito machista então acredito ser mais difícil ser aceito como um homem. Também, artistas como a Gloria Groove ficaram famosas primeiro por serem drag. Mesmo com esse entendimento é muito interessante explorar porque que as mulheres trans são mais presentes na arte trans brasileira.
Por fim eu acho que a minha pesquisa me ensinou mais sobre a criatividade que os brasileiros acham para solucionar os seus problemas. As pessoas trans não são aceitas pela uma grande parte da sociedade brasileira e especialmente não são aceitas pelo governo Bolsonaro. Em vez de desistir da luta, as pessoas trans usam o típico jeitinho brasileiro inovador para buscar outras saídas de expressões pela arte. Essa criatividade única brasileira deveria servir de inspiração para o mundo inteiro na continuação pela luta de igualdade de tratamento. As artistas trans no Brasil ainda sofrem de muita violência, são odiadas por uma parte da sociedade só por serem trans. Mas a arte funciona como uma plataforma de expressão para inspirar o resto das mulheres trans no Brasil a não desistir da luta para conquistar seu espaço na sociedade brasileira. A arte serve para iniciar mudanças sociais muitos importantes no Brasil e eu aprendi sobre o tanto que isso é necessário para os grupos marginalizados.
Helena Leal
Student
Olá! Meu nome é Helena Leal. Sou uma estudante de ciências cognitivas e psicologia na universidade de Rice em Houston. Os meus pais são brasileiros, a minha mãe é de Brasília e o meu pai é original do Recife, mas eu cresci na Califórnia. Quando comecei na universidade, tive a oportunidade de estudar Português e a cultura brasileira com a professora Hélade.
Hélade Scutti Santos
Professora de português na Rice University
Excelente texto! Esta reflexão é muito importante e merece ser divulgada para ajudar na conscientização e sensibilização de tantos preconceitos que ainda existem no Brasil. Congrats!
http://www.mutha.com.br
Museu Transgênero de História e Arte