Sébastien Vernhes wa a student in the Intermediate Course of Portuguese (second year sequence) and received the Foreign Language Acquisition Grant (FLAG) in 2022 to study in Brazil and Portugal. In this text he tells us about sports culture in Brazil.
O Brasil é conhecido no mundo inteiro pelo seu sucesso esportivo no futebol, o vôlei, o MMA e outros esportes também. Contudo, seriam os brasileiros um povo saudável e esportivo, como sugere o sucesso dos seus atletas profissionais?
Se considerássemos só a força esportiva para responder a essa pergunta, poderíamos dizer que os Estados Unidos são o país mais saudável e esportivo do mundo, utilizando os jogos olímpicos como medida. Contudo, sabemos que os Estados Unidos sofrem muito com obesidade e outros problemas de saúde relacionados à atividade física e à dieta. De acordo com o CDC, só 24.2% (28.3% de homens e 24.0% de mulheres) de americanos fazem pelo menos o mínimo de atividade física dados pelas diretrizes “2018 Physical Activity Guidelines for Americans”. Além disso, a prevalência de obesidade em adultos nos EUA entre 2021-2023 foi 40.3%, e 14.7% de adultos americanos têm diabetes. Claro, essas duas últimas estatísticas também têm muito que haver também com a dieta americana e não só a atividade física dos americanos. Tudo isso serve para dizer que mesmo em um país com tanto sucesso atlético e que é tão conhecido pelos seus atletas, não é suficiente para determinar a saúde e o nível de atividade física dos cidadãos dum país.
Voltamos agora a considerar o Brasil. Tinha desacordo entre figuras de fontes diferentes, mas a maioria das estatísticas avalia o nível de atividade física dos brasileiros sendo parecido ao dos Estados Unidos. De acordo com uma pesquisa de 2019, 26.2% de brasileiros seriam considerados como ativos fisicamente pelas normas da OMS. Essa mesma pesquisa achou também que 59.5.% de brasileiros seriam sedentários, fazendo nenhum atividade física de dia em dia. Durante a Conferência Internacional sobre a Obesidade (ICO) de 2024 em São Paulo, foi revelado que agora 57% brasileiros sofrem de obesidade ou sobrepeso. Contudo, essa figura talvez não seja correta, porque tem outra fonte que disse que 25% da população brasileira seria obesa, deixando o Brasil com a sexagésima quinta porcentagem mais alta do mundo. Não importando a figura exata, a conclusão das estatísticas fica claro, que o Brasil não é um dos países mais saudáveis do mundo como sugeriria o seu sucesso atlético.
Contudo, eu acho que é ainda considerar o Brasil um país esportivo, tanto como os Estados Unidos. Bem que tenha grandes proporções nos dois países da população que não fazem esporte, tem ainda uma cultura forte de participação em atividades físicas, como frequentar academias ou fazer esportes, que fica ainda mais claro em contraste aos hábitos de outros países como os países europeus. Uma pesquisa em 2020 do International Health, Racquet, and Sportsclub Association (IHRSA) revelou que os Estados Unidos têm a maior quantidade de adesões e instalações de clubes de exercício no mundo. O Brasil ficou em segundo lugar em número de instalações. Essa pesquisa nem mencionou clubes “extra-oficiais”, como campos de futebol ou quadras de basquete dos quais os EUA e o Brasil têm muitos. Ainda que existam grandes problemas de saúde nas populações do Brasil e dos Estados Unidos, a cultura do esporte fica forte nos dois casos.
Enfim, na minha experiência pessoal, eu diria que ambos os EUA e o Brasil são países bem esportivos na vida cotidiana. Aqui na Universidade de Chicago, é normal as pessoas alguns dias por semana irem para o Ratner fazer exercício, ou fazerem coopers ao lado do lago. Também em Nova Iorque, de onde sou, muitas pessoas vão para os parques ou as milhares de academias nas manhãs ou à noite dependendo do trabalho deles.
Quando visitei o Rio de Janeiro, era mais estranho não ver ninguém fazendo alguma atividade física na praia ou num parque do que o contrário. Na França, ou em outros países europeus de leste, só começou a se tornar comum ver pessoas correndo ou fazendo exercício na cidade nesses últimos anos, e a infraestrutura de esportes e exercícios fica ainda atrasada comparado com os EUA e o Brasil. Dito isto, a infraestrutura europeu de exercício público poderia ser considerada como mais desenvolvida do que o equivalente nos EUA ou no Brasil, então a diferença se faz mais nos setores privados deles.
De qualquer forma, é claro que a infraestrutura esportiva não é suficiente para tornar uma população saudável. Outros fatores como a dieta de um povo, e o sistema médico contribuem mais, poderia-se dizer. Contudo, na minha opinião os Estados Unidos e o Brasil apoiam o sucesso deles em competições internacionais esportivas nas culturas deles, e talvez esse sucesso seja mesmo graças às culturas esportivas deles.
Sébastien Vernhes
Sébastien Vernhes is a senior at the University of Chicago. He comes for a multicultural family and has a passion for learning languages and cultures. Sébastien is also part of the swim team at UChicago.
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